Sector público demora 86 dias a pagar facturas

Dos 29 países europeus inquiridos só a Itália paga mais tarde do que Portugal. Situação financeira difícil é a causa mais apontada para atrasos de pagamentos. Setor público não cumpre diretiva europeia dos atrasos de pagamento.

Os resultados do European Payment Report 2018, o relatório anual da Intrum que analisa o comportamento de pagamentos das empresas e do Estado, posicionam Portugal como um dos dois países europeus onde os atrasos de pagamento no setor público são mais dilatados.
O Relatório da Intrum, que inquiriu um total de 9 607 empresas, de 29 países europeus, entre janeiro e março de 2018, conclui que o setor público em Portugal demora 86 dias a efetuar os seus pagamentos, sendo ultrapassado apenas pela Itália, com 104 dias.

Luis Salvaterra, Diretor Geral da Intrum Portugal, afirma que «estamos otimistas e acreditamos que o Estado português esteja a fazer um esforço, no sentido de alterar o seu comportamento face aos prazos de pagamentos. Este ano, já se verificou uma diminuição desse prazo, passando de 95 dias em 2017 para 86 dias em 2018 e, comparando os últimos cinco anos, Portugal tem revelado uma evolução positiva. Mesmo assim, continuamos a verificar que há entidades públicas que não cumprem o que está estabelecido na diretiva europeia para os atrasos de pagamento, que estabelece que o setor público deve pagar os bens e serviços no prazo de 30 dias. Portugal, entre 29 países inquiridos, está na 28ª posição, apenas ultrapassado por Itália”.

Situação oposta ao que se verifica em países como a Eslováquia, onde o setor público paga a 29 dias, a Noruega a 26 dias, República Checa, Estónia, Dinamarca e Finlândia a 25 dias, o Reino Unido a 23 dias e a Letónia a 18 dias, este último, o país que se posiciona como tendo o setor público mais cumpridor em matéria de pagamentos.
Dos 29 países que a Intrum inquiriu para o EPR, apenas estes oito países cumprem a diretiva europeia e pagam a menos de 30 dias os seus compromissos a fornecedores.
De referir, que a média europeia de pagamentos no setor público continua a ser elevada, situando-se nos 40 dias e descendo apenas um dia face ao período homólogo de 2017, que era de 41 dias.

Relativamente às causas dos atrasos de pagamentos, 72% dos inquiridos nacionais apontam a situação financeira dos seus clientes como o principal motivo, uma percentagem igualmente superior à média europeia de 62%. Segue-se o atraso de pagamento intencional, referido por 59% das empresas que responderam ao inquérito, valor também superior à média europeia que se situa nos 48%.

A ineficiência administrativa dos clientes é igualmente apontada como uma das principais causas para os atrasos de pagamentos. Um motivo que teve um crescimento significativo em Portugal, passando dos 49% em 2017, para 55% em 2018, valor também superior à média europeia que se situa nos 45%. A ineficiência administrativa poderá estar relacionada com a falta de contratação de mais trabalhadores nas empresas e a existência de procedimentos adequados.