Bruxelas pede limite de 30 dias para pagamentos a empresas

mas Estudo da Intrum indica que empresas pagam e recebem cada vez mais tarde

  • Medidas da Comissão Europeia vão ao encontro dos resultados do EPR 2023;
  • Estudo da Intrum aponta limitações nas PME devido aos atrasos de pagamentos;
  • Estado paga a 70 dias e aumenta 17 dias face a 2022;

A Comissão Europeia propôs um limite máximo de 30 dias para pagamentos às empresas e apresentou um conjunto de iniciativas que visam dar resposta às necessidades das Pequenas e Médias Empresas (PME). Entre as medidas anunciadas, destaca-se a introdução de uma medida para acelerar o pagamento de faturas, impondo um limite máximo de 30 dias.

O Regulamento proposto sobre o combate a pagamentos em atraso em transações comerciais, cita o mais recente estudo da Intrum, EPR – European Payment Report 2023, e pretende acabar com "uma prática injusta que compromete o fluxo de caixa das PME e prejudica a competitividade e resiliência das cadeias de abastecimento"

No estudo da Intrum verificou-se um aumento notável na proporção de empresas portuguesas que afirma estar a pagar aos seus fornecedores mais tarde do que aceitaria dos seus próprios clientes – aumentando de 23% para 34% em apenas um ano.

O EPR conclui que as empresas portuguesas são mais propensas que a média europeia a considerar que os atrasos dos pagamentos dos clientes afetam os seus negócios em quase todas as áreas, com 36% a dizer que os atrasos nos pagamentos impedem o crescimento da empresa, em comparação com 30% (média europeia).

No entanto, apenas 45% das empresas portuguesas dizem que estão a tomar medidas para garantir que pagam aos seus fornecedores a tempo, em comparação com 56% de média europeia.

Por seu lado, o setor público passou os pagamentos de 53 dias para 70 dias em 2023, aumentando 17 dias o atraso nos pagamentos, contribuindo negativamente para os atrasos nos pagamentos das transações comerciais.

De acordo com o estudo da Intrum, 53% dos inquiridos portugueses (valor igual à média europeia) reconheceu já ter aceitado prazos de pagamento mais longos do que considera razoável para não prejudicar a sua relação com os clientes, embora esta atitude seja mais comum nas grandes empresas (63%) do que nas PME (49%).

De forma a gerir as perturbações económicas e diminuir o impacto da recessão, as PME afirmam estar a efetuar cortes (36%), nomeadamente no recrutamento de novos colaboradores (20%).

O estudo da Intrum demonstra ainda que assumir dívidas financeiras passou a ser um tema de grande preocupação por parte de 28% das PME.

Quando questionados se a sua empresa atualmente estaria mais forte ou mais fraca do que há 12 meses (em termos de receitas, eficiência e capacidade de gerir as perturbações), 43% das PME consideram-se ligeiramente mais fracas do que eram há um ano atrás. Ainda assim, 28% responderam estar igual e 21% ligeiramente melhor.

Luis Salvaterra, Diretor-Geral da Intrum Portugal afirmou que “de acordo com o mais recente estudo da Intrum, podemos verificar que 64% dos portugueses inquiridos considera que as grandes empresas têm a responsabilidade perante a sociedade de garantir que efetuam os seus pagamentos às empresas mais pequenas dentro do prazo. Esta é uma questão que preocupa tanto as PME como as grandes empresas, com percentagens de 66% e 58% respetivamente, a concordarem com esta afirmação.

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