A crise do custo de vida está a piorar a situação dos consumidores portugueses

Novo estudo da Intrum revela que portugueses ultrapassam em 293€ orçamento mensal disponível

A crise do custo de vida está a piorar a situação dos consumidores portugueses

  • 74% dos inquiridos portugueses procura cortar nos gastos diários e 30% terá de utilizar as suas poupanças para pagar despesas e contas do dia-a-dia;
  • Um em cada quatro portugueses pediu dinheiro emprestado para pagar contas nos últimos 6 meses;

Acaba de ser divulgado o estudo ECPR – European Consumer Payment Report 2023, desenvolvido pela Intrum, com o objetivo de partilhar informação sobre a vida quotidiana dos consumidores europeus, os seus hábitos de despesa e a capacidade de gerir as suas finanças domésticas mensalmente.

De acordo com este estudo, 28% dos consumidores portugueses afirmaram que, no final de um mês normal, o valor médio excedido do seu orçamento mensal é de 293€. Na Europa, entre os 24% que gastam a mais apenas para cumprir os compromissos essenciais, o montante médio em que excedem os seus orçamentos é de 232€ - valor 21% abaixo da média portuguesa.

Revelando sentirem-se frustrados e amargurados com a sua situação económica, três em cada quatro consumidores afirmam estar a atingir o ponto de equilíbrio ou a gastar acima das suas possibilidades financeiras durante um mês normal. Em Portugal, este valor é de 77%.

A crise do custo de vida está a piorar a situação dos consumidores portugueses

A inflação elevada e a subida das taxas de juro estão a dificultar a vida a uma grande parte dos consumidores. Segundo o ECPR, aproximadamente dois em cada dez (16%) inquiridos afirmam ter agora menos dinheiro para gastar, depois de pagar os bens essenciais e as suas contas, do que há um ano. Com a subida das taxas de juro, os titulares de hipotecas com taxas variáveis (maioria em Portugal), são um grupo particularmente impactado, com as suas despesas mensais a aumentarem significativamente.

No entanto, o aumento do custo de vida é transversal e afeta a maioria dos portugueses. Embora 74% procurem cortar nos gastos diários e 30% planeiem utilizar as suas poupanças para pagar despesas e contas do dia-a-dia, estas são apenas soluções temporárias. Eventualmente, quando o seu dinheiro acabar, os consumidores deixarão de pagar algumas contas. Esta pressão reflete-se numa tendência crescente dos atrasos de pagamento. O estudo da Intrum revela que 22% dos consumidores não pagaram pelo menos uma fatura dentro do prazo no ano passado. A Geração X e os Millennials são as faixas etárias onde se verifica um número crescente de incumprimento.

Ao mesmo tempo que os consumidores lutam para controlar os seus gastos, o estudo indica que o endividamento continuará a aumentar, com um em cada quatro portugueses a afirmar que pediu dinheiro emprestado para pagar contas nos últimos 6 meses e, 12% poderão contrair crédito adicional para pagar as suas despesas diárias.

As consequências da pressão económica: os incumprimentos aumentam

Não pagar é uma nova prática para alguns agregados familiares europeus. Mais de vinte por cento dos consumidores (22%) afirmam não ter feito o pagamento de pelo menos uma fatura nos últimos 12 meses – valor similar a Espanha mas abaixo da média europeia 35% e do Sul da Europa (31%). Para além disso, 30% dos inquiridos revelam que esta é uma situação que ocorre com regularidade.

A razão mais comum para a falta de pagamentos é o facto de os consumidores não terem dinheiro suficiente para pagar as suas contas. Ainda assim, com pagamentos em atraso ou o não pagamento a tornarem-se endémicos, as atitudes da sociedade parecem estar a mudar. Os resultados do estudo da Intrum indicam que os consumidores estão a reavaliar o que consideram aceitável quando se trata de ignorar faturas, o que deve ser preocupante para as empresas. Cerca de três em dez (29%) revela que sentiria menos culpa por ignorar o pagamento de uma conta agora, do que há alguns anos.

De acordo com Luís Salvaterra, Diretor-Geral da Intrum Portugal, “no próximo ano, poderemos esperar uma proporção ainda maior de consumidores que não efetuem pagamentos. O problema imediato é que há poucas perspetivas de que a sorte dos consumidores melhore. Cerca de dois em cada dez dos consumidores (18%) teme não pagar uma fatura de um serviço com baixa prioridade nos próximos 12 meses, ou seja, um pagamento não vinculado a custos de habitação ou energia. Sem dúvida uma tendência preocupante para as instituições financeiras e empresas”.

Para obter um exemplar do estudo clique aqui.